quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Manoel de Oliveira é o cinema




Acima da mítica por ser o cineasta mais longevo da história, o português Manoel de Oliveira, prestes a completar 105 anos, é um dos poucos cineastas a concentrar tamanha profusão em uma filmografia completa sobre tanto temas que abordou em seus 54 filmes. 
Iniciado no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, em 2008, apresentou uma exposição dedicada ao diretor em comemoração do centenário.  Com curadoria de Paula Fernandes, chega ao Instituto Tomie Ohtake em São Paulo.



Sem o intuito de descobrir toda a obra dele, nem atrelar-se a os objetos fetiche dos sets de filmagem e das vestes das personagens, mas sim o processo de formação, da evolução de sua carreira usando-se de trechos de filmes, fotos, documentos e textos do diretor, com direito a uma atualização, pois Manuel de Oliveira fez mais cinco longas de 2008 para cá.


Aniki Bobó


A exposição também integra a programação da 37° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e é uma homenagem ao amigo de Oliveira e idealizador do festival, Leon Cakoff. ``Alguns diretores têm uma relação muito forte com a Mostra, histórica até. E Manoel é o maior deles. É uma relação que começou a ser construida desde as primeiras mostras, e isso virou uma amizade. O trabalho dele encontrou uma repercussão muito grande no Brasil. E não só aqui, Ele é mundialmente considerado um grande mestre. Ele era um grande amigo de Leon´´, comenta Renata Almeida, viúva de Cakoff e diretora da Mostra.  

A impressão de adentrar ao imaginário de Oliveira a mostra abrange desde sua primeira obra Douro, Faina Fluvial (1931), seu primeiro longa de ficção o antológico Aniki-Bobó (1942) até o mais recente trabalho, em 2012 O Conquistador Conquistado, este integrando a 37º Mostra, que começa no dia 18. Consiste um um dos episódios do longa Centro Histórico, que fora produzido com o objetivo de prestar homenagem à cidade de Guimarães, no norte do país, onde nasceu o Reino de Portugal. O longa faz uma copilação de curtas realizados por grandes nomes do cinema como Aki Kaurismaki, Pedro Costa, Viktor Erice e Oliveira. 


Acto de Primavera


Um ponto crucial é a forma como Oliveira nega e ao mesmo tempo afirma o cinema. ``Ele diz que o cinema não existe. Mas isso não significa desprezo pela arte. Uniu documentário à ficção, como respeitou os alicerces do teatro em suas composições e atrelou cânones da literatura portuguesa como Agustina Bessa Luis, que escrevia romances com o intuito de serem adaptados para o cinema por Oliveira; um grande admirador da palavra filmada, seja em discursos das personagens, em letreiros ou em narrações em off.


O Estranho Caso de Angélica


Ao assistir trechos de obras primas como Aniki-Bobó e O Passado e o Presente, se entende melhor a indendência com que ele trata dos elementos de um filme, tratando-os de forma autôma a luz, a fala e  a imagem. Um percurso paralelo da obra do autor e sobre a história do cinema também, devido as diversas descobertas acompanhadas pelo mestre durante tantos anos. Oliveira é o cinema.

Manoel de Oliveira: Uma História do Cinema
Instituto Tomie Ohtake 
R. Coropés, 88 - Pinheiros 
Terça a Domingo das 11h às 20h 
Até 10/11

Dica do Gros Rouge:



Manoel de Oliveira 
Ed. Cosac Naify 

Organização: Alvaro Machado
240 págs.

domingo, 6 de outubro de 2013

Fragmentos de Kubrick



O Museu da Imagem e Som (MIS) em São Paulo recebe a partir do dia 11 a mostra "Instaley Kubrick", que traz mais de 500 peças ligadas à obra do cineasta americano. Realizada em parceria com a Mostra Internacional de Cinema, a exposição reúne a singularidade das obras e influências do diretor na trajetória do cinema mundial a partir de centenas de documento originais, como materiais em áudio e vídeo e diversos objetos de cena, documento e fotos utilizados em seus longas-metragens.


Cena de 'Nascido Para Matar'


A mostra é dividida em 14 seções apresentadas em uma expografia inovadora concebida e adaptada pela direção do MIS, que proporciona uma experiência multisensorial inéditas.


Peças de Laranja Mecânica
A diversidade dos elementos da exposição - desde um par de cândidos vestidinhos infantis até um capacete com a inscrição "Nascido para matar" - ilustra uma característica central de Kubrick (1928 - 1999): o cineasta completo.


Foi isso o que disseram sobre ele figuras como Martin Scorsese, Luís Buñuel ("'Laranja Mecânica' é o único filme sobre o real significado da vida moderna") ou Steven Spielberg ("Ele foi o grande mestre. Não copiou ninguém enquanto todos tentávamos atrapalhadamente imitá-lo")



Mascara 'De Olhos Bem Fechados'















Mais do que trazer uma cronologia do artista, desde o início de sua carreira até os últimos filmes que concebeu, a exposição apresenta a singularidade de sua obra e suas influências em seções dedicadas aos clássicos como Lolita (1962), 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e O Iluminado (1980).



Macaco de '2001: Uma Odisseia no Espaço'
"Em cada filme, em cada gênero, seja comédia, ficção científica ou épico, ele conseguiu criar uma tensão diferente", opina André Sturm, que trouxe a mostra ao Brasil. Ele próprio participou da criação do desenho das 11 salas principais, cada uma a um dos filmes de Kubrick.



A filmografia completa (exceto "Medo e Desejo", de 1953, renegado pelo próprio Kubrick) será exibida no MIS a partir de 11 de outubro, como tira-gosto para a homenagem a ele na 37º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Cunhado de Kubrick e produtor de alguns de seus filmes, o alemão Jan Harlan virá ao país para uma aula e a exibição de seu "Stanley Kubrick: Life in Pictures" (Uma Vida em Imagens).


Cena de 'Oluminado', os vestidos também estarão em exposição

"A exposição irá mostrar quanto trabalho e paixão há por trás de cada filme dele", diz Harlan. "Esta parece uma declaração banal, aplicável a qualquer grande criador, de Mozart a Monet, mas é este fogo que marcou a subjetividade de seus filmes."


Se para o público geral devem chamar mais atenção elementos cenográfico de filmes como "2001" (um dos macacos estará presente), "Lolita" ou da obra final do cineasta, o lúdico "De Olhos Bem Fechados", para Harlan um dos destaques da mostra é a documentação sobre dois projetos não realizados: um filme sobre o Holocausto ("Aryab Papers") e um longa sobre Napoleão Bonaparte.

Maquina de escrever de 'O Iluminado' que ficará em exposição

















Sturm, cujo Kubrick predileto é "Laranja Mecânica", aposta que, todos os dias, quando chegar ao trabalho encontrará filas de visitantes. "Pretendo que esta mostra seja para o MIS o que Rodin foi para a Pinacoteca", diz ele. "Não me parece tão difícil. Kubrick transcendeu o cinema. Ele criou ícones da cultura ocidental, presente até em camisetas e ímãs de geladeira do mundo todo."


Quando: de 11 de outubro de 2013 a 12 de janeiro de 2014
Quanto: R$10 a R$20
Onde: Museu da Imagem e Som
Avenida Europa, 158, Jardim Europa - São Paulo / SP

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Fellini respira cinema




O Museu da Imagem e Som (MIS) realiza em São Paulo com o Instituto Italiano di Cultura, a mostra "20 Anos Sem Fellini" em homenagem ao cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993).
Considerado o mais italiano dos diretores, com o seu estilo humorado e sonhador, contrapõe a leva neorrealista de Vittorio de Sica ou Roberto Rosselini (Fellini foi roteirista de Roma Cidade Aberta) e filósofos marxistas como Ettore Scola. Fellini deu alicerces fundamentais à estética do surrealismo, do onírico e do impulsivo nos seus filmes. 
Cinema onde povoou sua nostalgia, seu narcisismo, em personagens grotescos como sofisticados. Seu erotismo anticlerical, porém atrelado a valores provincianos de uma italia simplória, conquistaram o mundo com uma linguagem cinematográfica totalmente inovadora.

Ano passado quando foi lançado Tutto Fellini, livro/exposição, mostrou peculiaridades que servem para entender melhor o cineasta, como o seu Livro dos Sonhos, álbum póstumo em que o diretor frases e desenhos para transpor suas angústias e obsessões noturnas. Iniciado no começo dos anos 60, o talento para desenhar transformou-se em terapia.
Aconselhado por um psicanalista junguiano, Ernst Benhard, com quem passou a consultar. Fellini decidiu registrar graficamente os próprios sonhos.
Um dos destaques vai para o menino Federico, vestido de marinheiro, subindo ao céus num cesto de balão em companhia do papa Paulo 4°, dando de cara com uma gorducha mulher de maiô. Fellini respira cinema.


A mostra relembra os clássicos de Fellini, incluindo "Abismo de um Sonho" (1952), "" (1963) e "A Doce Vida" (1960) o filme mais aguardado do festival.

Confira a Programação: 


01 de Outubro


18h30 - Os Palhaços 
(I Clowns) Itália/França/Alemanha, 1971. Cor, 92"

20h30 - Ginger e Fred 
(Ginger and Fred) Itália, 1986. Cor, 125"


02 de Outubro


18h30 - As Tentações do Dr. Antonio 
(Boccaccio '70) Itália/França, 1962. Cor, 53"

Block-Note Di Un Regista 
Itália, 1969. Cor, 40"

20h30 - A Voz da Lua 
(La Voce Della Luna) Itália, 1990. Cor, 120" 35mm


03 de Outubro

Amarcord



18h30 - Ensaio de Orquestra 
(Prova D'orchestra) Itália/França/Alemanha, 1978. Cor, 72", 35mm

20h - Amarcord 
Itália/França, 1973. Cor, 127"


05 de Outubro

Os Boas Vidas


15h - Os Boas-Vidas 
(I Vitelloni) Itália/França, 1953. P&B, 100"

17h - Abismo de Um Sonho 
(Lo Sceicco Bianco) Itália, 1962. Cor, 53"

19h - As Tentações do Dr. Antonio 
(Boccaccio '70) Itália/França, 1962. Cor, 53"

Block-Notes Di Un Regista 
Itália, 1969. P&B, 40"

8 1/2


21h -
Itália/França, 1963. P&B, 138"


06 de Outubro

A Doce Vida


15h - A Doce Vida 
(La Doce Vida) Itália/França, 1960. P&B, 174" 35mm

18h - Noites de Cabíria 
(Le Notti Di Cabiria) Itália/França. 1957, P&B, 110", 35mm

20h - Julieta dos Espíritos 
(Giulietta Degli Spiriti) Itália/França, 1965. Cor, 137"

Julieta dos Espíritos


08 de Outubro


18h - Histórias Extraordinárias 
(Histoires Extraordinaires) França/Itália, 1968. Cor, 121"

20h - Roma de Fellini 
(Roma) Itália, 1972. 128"


Onde: Avenida Europa, 158, Jardim Europa - São Paulo / SP
Quanto: R$6 (inteira) R$3 (meia)