A sérvia Marina Abramovic, 66 é sem dúvida uma das principais performers artísticas do nosso tempo. O rebuliço de suas performances começou nos anos 70, se pautando em expor os limites do público, do corpo e da mente. Seus trabalhos como Rhythm 2 (1974), Marina explora o subconsciente na performance, ingerindo drogas para controle de catatonia e depressão, incumbindo-a de domar o efeito no corpo e mente da droga, gerando um novo conceito dentro da performance.
Ou Breathing in/Breathing out, que fez com o artísta e ex-marido Ulay(Uwe Laysiepen), que ligavam um tubo nas bocas dos dois até acabar todo o oxigênio. Passados 17 minutos os dois caiam desmaiados. Uma crítica sobre a relação e como ela pode acabar sugando o parceiro e destruindo-o.
No documentário Marina Abramovic: The Artist is Present (2012), Marina faz uma das mais suas mais audaciosas performances, na retrospectiva de sua obra lançada no MoMA, em 2010. Ela ficou em silêncio, sem se mover em uma cadeira enfrentando o público.ficando. Unicamente olhando para o espectador por 736 horas, seis dias por semana, durante 3 meses.
O diretor do longa Matthew Akers, relatou sob a perspectiva da experiência, do fazer artístico de Marina, da criação da arte, o intimo da artista e da recepção do público. Uma longa via crucis da performer.
O que é arte? é uma pergunta que urge ao decorrer juntamente onde fica o limite da arte. Indagações nas ruas, chacotas no noticiário são naturalmente feitas. É difícil ser persuadido pela arte performática. Os tempos mudaram diriam alguns. Não atrelamos mais a arte performática como o conceito artístico, criado por Duchamp. A rebeldia hoje é vendida a preço de custo nas melhores lojas de departamento. Tudo virou encenação.
A presença de 750 mil visitantes na retrospectiva no MoMA justificam a questão. Os espectadores foram presenciar a quintessencia artística de Marina, ver através do espelho da performance, a sua imagem por muitas vezes dotada de dor, mas que resvalava em redenção às intempéries individuais acerca da humanidade. Marina acolhe como seus filhos a atenção perdida em suas vidas cotidianas. Quem sabe através da carga de ódio, medo, angústia, curiosidade, o espectador consiga salvar Marina de seu próprios dilemas, substanciados em alimento para a alma da artista.
O inferno são os outros, diria Sartre. E o céu também, diria Marina.
Marina Abramovic: The artist is Present EUA, 2012
Direção: Mattheys Aker
106 min.