Claro que vamos ao cinema ansiosos por ver qualquer longa sobre psicanálise. Ainda mais sobre o médico que influenciou Sigmund Freud, Jean- Martin Charcot (Vicent Lindon), que no filme Augustine (2012), entra nos meandros do inconsciente da paciente Augustine (Stéphanie Sokolinski), jovem servente de família nobre francesa, que ao sofrer ataques atípicos, vai ao hospital La Salpêtrière, onde clinicava Charcot. Mais tarde Freud também estagiara por lá, no fim do século XIX, onde a epifania de objetar o inconsciente e a cura psicanalítica imortalizaram-o como pai da psicanálise.
Charcot usa-se de métodos revolucionários para a análise como o uso da hipnose e adentrou sobre as gravuras do século XVI, para entender a figura das histéricas ao longo da história, que eram interpretadas como bruxas ou que ocultavam o demônio em seus corpos, levando-as a fogueira. Histéria foi nomeada, a doença que atingia somente mulheres. Hysteron, significa útero, muito provável que a origem seja a repressão sexual.

Vicent Lindon, ao contrário, não se baseou em nenhuma pesquisa, apenas o necessário roteiro, e diz que criou o seu Charcot, como qualquer outra personagem.
O filme não se trata de um processo de cura histérica. O filme estigmatiza a figura da doença como um quebracabeças difuso, que mesmo Charcot não incumbe em entendê-la totalmente. Charcot adentra em um meio teatralizado de histéricas fingidoras e a mentalidade da medicina na época, tão fria e arrogante, destratando as pacientes como cobaias.
A beleza do filme é a figura de um médico de vanguarda, perdido na limitação de seu tempo, com todos os tabus inerentes a sociedade onde vive, e o encurralamento da ciência a qual sofreram grandes gênios na evolução da história.
Augustine
Produção: França, 2012
Direção: Alice Winocour
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