sábado, 15 de junho de 2013

Billy Wilder e a Hollywood escatológica

Billy Wilder (1906-2002) talvez seja um dos últimos diretores a levar hollywood ao extremo, com produções não mais eiriçadas com a voluptuosidade de Lawrence da Arábia ou Cleopatra, mas de roteiros ágeis e inteligentes. Seu olhar cínico e muitas vezes criticou o próprio modelo norte americano, o qual dave-lhe o sustento. Adentrava em papéis perfeitos aos atores, que muitas vezes não via o filme sendo rodado por quem ele não queria como personagem.



Juntamente com outros exilados europeus alemães e austríacos, formou-se uma geração de diretores em Hollywood, refinados, inteligentes, como Fritz Lang, Fred Zinnemann, Otto Preminger, Douglas Sirk, Edgar Ulmer, Robert Siodmak e Max Ophuls. Isso em frente da crise do cinema americano.
Moldou o comportamento do mundo no Pós-Guerra, quando veio para os EUA, fugindo dos nazistas devido a sua origen judaica. Transpos aquele ranço dos filmes Impressionistas da Alemanha e o Noir Francês, apesar de prestar algumas homenagens, absorvido pelo cinema hollywoodiano e o espírito americano. De repente usou o technicolor, Marilyn Monroe e Audrey Hepburn. Nascera aí a maior arma americana na Guerra Fria. As pernas de Marylin.




Seu primeiro sucesso foi Pacto de Sangue (1944), com o mestre do romance policial, Raymod Chandler, coroteirizando a obra. Em Crepusculo dos Deuses (1950), destitui o trono do sonho americano em uma homenagem belíssima aos filmes noir.
Um dos mais belos filmes sobre alcolismo, segundo Ruy Castro é Farrapo Humano de (1945). Em A Montanha dos Sete Abutres (1951), vemos um dos melhores papés de Kirk Douglas e sua ambição pelo poder e manipulação da verdade.
Passando por Sabrina (1954), Truffaut admitiu a Cahiers du Cinéma que Wilder não era um diretor de comédias menores mas sim um diretor que podia fazer filmes sérios.








Depois disso conquistou o mundo com três obras primas. O Pecado Mora ao Lado (1955), Vítimas de Acusação e Um Amor na Tarde, ambos de 1957.
Foi em 1959 que arrebatou com Quanto Mais Quente Melhor (1959), considerado o maior filme de comédia americano da história, com Jack Lemmon e Tony Curtis zarpando travestidos em uma banda de moças, fugindo do testemunho de um massacre entre mafiosos. Encontram nada mais nada menos que Marylin Monroe. Isso em meio a um departamento truculento de censura e lidou com o tabu da sexualidade americano com muito refino. Pasmodicamente, Tony Curtis dizia nas gravações do filme que beijar Marylin foi como beijar Hitler.




Se Meu Apartamento Falasse (1960) é uma critica ao capitalismo corporativista recaídos ao homem comum, inclusive tirando seu direito a privacidade, servindo completamente ao capital e seus costumes duvidosos.
Podemos ver seu tino para uma sofisticada visão política em Cupido não tem Bandeira (1961), criticando a Alemanha Oriental. Com diálogos rápidos e inteligentes, o filme mostra um chefe do departamento da Coca Cola, transformar um comunista em um  dândi capitalista, em algumas horas. Pode ser considerado juntamente com Doutor Fantástico e Diabo a Quatro, uma das maiores comédias políticas de todos os tempos.





A Mostra Billy Wilder no CINESESC em São Paulo, dos dias 21/06 a 04/07. Abrange toda a filmografia, (26 longas) desse profícuo diretor, morto aos 95 anos em 2002. Inclusive seu primeiro ,Semente do Mal (1934), e seu último, Amigos Amigos, Negócios à Parte (1981).









Programação:
http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/busca.cfm?conjunto_id=11076

Dica do Gros Rouge:

Ninguém é Perfeito 
Charlotte Chandler 
Editora Landscape
336 pg.

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