sexta-feira, 14 de junho de 2013

Tabu e o proselitismo de Fernando Pessoa




Sem dúvida o melhor filme de 2012 (Amour, de Haneke em 2º lugar). Tabu, de Miguel Gomes, depois do aclamado Aquele Querido Mês de Agosto (2008), estreia em circuito nacional, antes exibido na Mostra Internacional de Cinema do ano passado.
O filme lança-se à África para a descobrir o passado de Aurora, velha sonhadora, cercada por valores cotidianos mortos. Tem em companhia sua empregada cabo-verdiana, Santa. Pilar, a vizinha, católica militante de projetos sociais. Convivendo com as duas, testemunha o comportamento de solidão de Aurora e o início de uma de um abismo de loucura, misturando realidade e a fantasia.
Ao morrer, Aurora evoca Gian-Luca Ventura, um colôno moçambicano que Pilar sai à caça da relação que houve entre os dois. Uma fazenda de Aurora no alto do monte Tabu.




O filme evoca uma punjança das grandes navegações, do espírito desbravador português enaltecido na poesia de Camões e Fernando Pessoa. Uma narração fortemente literária ilustra em cenas que se distanciam do jargonesco europeu, centrado em civilidade e religião.
Remetem aos escritores modernos como Mia Couto, valter hugo mãe e José Eduardo Agualusa.
Todos falantes de português, mas com o pé na África que há anos Portugal não admitira ter aderido em seu arquétipo um grandioso tronco africano. Da subversão da línguagem, o fantasioso, o farcesco e o romântico vivendo juntos. Rui Poças, diretor de fotografia, faz literatura com os planos.


Essa epifania do processo de metropolização, a subversão dos valores fazem Aurora se perder em um Portugal o qual não lhe corresponde mais. Com a colônia (África) que não era mais subserviente, o resquício morava em Santa, ainda respeitosa aos valores da metrópole-colônia. Perder o valor com seu passado africano, o nascimento do seu verdadeiro amor, o advento de seu filho e suas maiores aventuras em vida. Sente a nostalgia de sonhar mais uma vez com essa Moçambique  sequelada pela pobreza e exploração, mas que sem ela Aurora e Portugal jamais existiriam.



Tabu
(Portugal/Brasil/Alemanha/França)
2012
Miguel Gomes
118 min.














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