terça-feira, 11 de junho de 2013

Peça Maravilhoso é a parafrase de Fausto em escola de samba


A concomitância entre Fausto de Goethe e o carnaval carioca gera essa peça de humor farcesco e drama sórdida. Maravilhoso se pauta em transpor o valor do poder em território do morro, da favela, da problemática do subdesenvolvimento, da decadência de seus valores populares, simplórios e alienáveis. O cotidiano nos massacra e ao mesmo tempo pode nos dar chaves do poder pleno. A liberdade é por si só anarquica e inverossímil com as relações sociais. O samba assim, arma máxima do jogo de poder.




Um lampejo de Plínio Marcos ressurge da verborragia natural. O inferno e talvez o Diabo, Diaz e seu jogo do bicho, um despota no morro e sua influência seu poder sobre os pobres. Henrique (Maravilhoso), o homem simples, perdido em sua limitação da pobreza e o desespero em sustentar sua família. A mídia comprometida com a obtenção do poder, pelo jornalista e sua ex-mulher e a fútil aspirante a passista de escola de samba.

Nenhum personagem talvez teria um desfecho maior para com a humanidade e com eles mesmos. A prova não apenas da ganância, mas no sentido da perda de ideais, de amarras que comprovem sua filiação com o próximo. Apenas a patética visão de cada um, um reflexo de poder egoísta.
No caso de Fausto, o conhecimento ilimitado, chave para o domínio dos homens, para Maravilhoso, o fogo no desfile, a inversão da hierarquia castigadora dos miseráveis.




O projeto nasce de três companhias cariocas. Teatro Independente, Teatro Inominável e OmondÉ. Com atuação exímia do elenco, presenciamos um fôlego no texto ao querer decifrar o espectro dos valores típicamente brasileiros, em universais. Com texto de Diogo Liberano e direção de Inez Viana, Maravilhoso estreia em São Paulo no SESC Belenzinho.

Maravilhoso
SESC Belenzinho
01/06 a 30/06
Sextas, Sábados e Domingos
R$6 a R$24

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