terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Consciência da China




Em cartaz no Brasil depois da primeira exposição do artista, Ai Weiwei Interlacing no MIS-SP, Ai Weiwei: Never Sorry (2012) ilustra mais um pouco a trajetória do artista Ai Weiwei, um dos mais influentes artistas contemporâneos e suas múltiplas plataformas desde pintura, fotografia, performances, arquitetura, juntamente ao ativismo político e social contra a repressão do Partido Comunista Chinês.




Alison Klayman retratou o documentário como um misto de biografia/diário do artísta que passa desde o conhecimento de Weiwei e Klayman em 2011 até a sua prisão pelas autoridades chinesas, após uma suposta acusação de sonegação de impostos.




O filme mostra o dia a dia da produção de instalações magníficas como Sunflower Seeds (2010) e suas 100 milhões de sementes de porcelana pintadas individualmente, por 1600 artesões chineses, no Tate Modern, em Londres. E o projeto do estádio Ninho de Pássaro, que fora usado nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Projeto de denúncia Citizens Investigation, pelo terremoto de Sichuan de 2008, que matou mais de 70 mil chineses, sendo que cerca de 5 mil estudantes foram soterrados em escolas públicas mal construídas. Como Weiwei diz ``escolas de tofu´´. Weiwei então busca o paradeiro dos nomes das vítimas omitidos pelo governo chinês.
Sofre perseguições da polícia, tem o quarto invadido e sofre agressões das autoridades chinesas, tem seu blog fechado pela censura.




O filme tenta retratar o que é arte hoje, se ela existe nesses dias. Além do esteriótipo da figura controversa que todos tem de Weiwei ou um cara maluco que somente quer aparecer e se aproveitar da represália do governo para servir de plataforma para a sua arte. Todas as respostas são válidas. 
Ele é artista acima de tudo, vemos isso claramente no empenho em exercer arte e manter essa chama viva, através não só do seu apuro individual, mas de trazer a tona realidades não mensuráveis a nossos olhos, sob a óptica de um povo chinês que lida com omissões como desaparecimentos, a censura e a corrupção. Fora o preconceito em ter uma figura pop autêntica fora do cânone dos países desenvolvidos. Os EUA sempre manterão um lobby de um soft power temerário e preconceituoso de cultura e arte que podem ser tão bons senão melhores que a mesmice que vemos na tradicional arte contemporânea. Ele emana da consciência da China, de mudar, ser livre e pensar; sem ideologias precisas, sempre provocando e denotando desvios que o comunismo ainda traz para os chineses, se afastando de um passado como a Revolução Cultural, de Mao Tse-Tung.



Ai Weiwei. Never Sorry (2012)
Alison Klayman


Cinesesc 
Rua Augusta, 2075 - Cerqueira Cesar
São Paulo

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