segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Fragmentos de uma Metrópole





O baiano Mario Cravo Neto nunca negou suas origens. Com uma carreira invejável, tendo suas obras expostas na Bienal de São Paulo, MAM do Rio, MoMA e Stedelijk Museum. Mario , sem dúvida, é um dos precursores da fotografia artística, quando suas excursões sob o olhar da lente não eram debatidas como nos dias de hoje. Seu conceito da visceralidade das imagens, expondo um relato cru da natureza humana, muitas vezes dissolvido nas entranhas da metrópole, urge em sentir a visceralidade da pulsão a vida e ao cotidiano; mesmo as vezes sem forças para demonstrar tal façanha.




Com a curadoria de Diógenes Moura, a exposição Butterflies and Zebras, fora feita em conjuntura com Mario em 2006, mas o artista veio a falecer em 2009, o que dificultou a viabilidade do projeto.
São 45 fotografias em preto e branco, emblemáticas pela estilística de Mário, fotos e cartas pessoais do artista e 250 imagens coloridas feitas no final dos anos 60 em Nova York, onde Mario une Salvador e todo seu arquétipo colonial se defronta ao centro da efervescência social no mundo, com o movimento hippie, o feminismo, os Panteras Negras e a crítica a guerra do Vietnã. 

A arte sem dúvida catalisou tal rebuliço, com a pop art, a música de protesto e o rock psicodélico. ``Naquele momento, Nova York foi um excesso para ele´´, diz o filho do autor, Christian Cravo. ``Um jovem de 23 anos que sai de um mundo despretensioso e sem concorrência, para cair numa Nova York sem a menor delicadeza´´.



Eva Christensen foi o motivo da viagem de Mario a Nova York. Ao empreitar grande aventuras e viagens longas, a dinamarquesa Christensen saiu da Europa para os EUA, onde não parou mais de conhecer novos horizontes, passando pela América Latina, onde fez uma ,talvez óbvia, ponte Nova York-Rio. De lá seguiu a Salvador, onde a esposa de Mestre Didi, a argentina Juanita Elbein apresentou Mario Cravo Filho. 
Cravo Filho, sugeriu que Christensen conhecesse o interior da Bahia, viajando com seu filho Cravo Neto, onde era época de São João. Foram a Cachoeira, no Recôncavo Baiano, onde durante a viagem se apaixonam e a proposta sobre morar em Nova York surge a Cravo Neto. 



``Ele usou a câmera para conhecer a cidade´´, diz Diógenes Moura. Nota-se nas fotos que ele fazia na rua, no metrô, imagens fragmentadas, detalhes de mãos, pés, rostos. Acima do voyeurismo, a câmera fotográfica ajudava a passar despercebido também permitia que desse a sua marca ao lugar. A captação das fotos as quais ele lida com o interno e externo de seu apartamento, revelam o esfacelamento da autonomia frente a opressão da cidade metropolitana a individualidade do artista. Por isso não são datadas as fotografias, muito menos tem legendas. Transcendem o espaço e tempo.






Mario Cravo Neto - Butterflies and Zebras 
Estação Pinacoteca 
Lgo. General Osóri, 66 - Luz
tel: 3335-4990
Sex. Sáb. 10h Às 18h
R$6,00 (grátis aos sábados, menores de 10 anos e maiores de 60)
27 de julho a 10 de novembro 






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