sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Domando as próprias feras





Depois do cultuado O Profeta (2009)o filme Ferrugem e Osso (2012), de Jacques Audiard, chega as telas brasileiras. Baseados nos contos do canadense Craig Davidson, Ali (Mathias Schoenaerts) é um jovem que leva uma vida malograda de empregos temporários pela crise econômica que assola a Europa, lutas clandestinas e problemas familiares.
Parte da Bélgica e vai para Antibes, no norte da França, em busca de trabalho, levando consigo Sam, seu menino de 5 anos, primeiramente a casa de sua irmã, também imersa em seus próprios dramas. 






Ali consegue um trabalho de segurança de boate. Lá conhece Stéphanie (Marion Cotillard), em uma briga com um desconhecido do clube. Ali cuida e leva Stéphanie para casa, se envolvendo insconscientemente com a garota.





Domadora de orcas de um parque aquático, Stéphanie sofre um grave acidente, perdendo as duas pernas. Ao se sentir rejeitada pela família, marido e por ela mesma, reata a relação com Ali, de forma cada vez mais intensa. 
Essa relação já nasce conturbada pelo pressuposto de Stéphanie se apaixonar de forma inocente por Ali, pois ele não a julga pela condição atual, sempre a levando a praia para nadar e satisfazendo seus desejos íntimos. Nesse tempo o talento de Ali para o boxe, se destaca, em meio a lutas clandestinas e faz com que busque acertar os erros que cometeu antes, principalmente com seu filho Sam.




Certamente a desenvoltura do filme remete a secura do Kitchen Sink Drama, vertente da Nouvelle Vague Inglesa, que explorava a temática jovem e suas relações viscerais, sem demonstrar julgamentos. Ninguém da trama é necessariamente mais correto ou mais digno do que o outro.
Ferrugem e Osso jamais quer tocar o espectador das mazelas que acercam a pessoa com deficiência, nem a bestialidade formada do homem sem escolhas, devido a crise econômica. Mas demonstrar as estreitas formas inócuas de comunicação que nos tornam mais incapazes de gerir a vida. 

O filme é a metáfora da vida pela representação de domar a baleia, assim como Stéphanie ``domou´´ Ali. Antes de tudo houve uma indentificação, um laço a ser formado, de forma inexplicável. Mesmo ciente da fera selvagem, quase indomável, Stéphanie se fascina ao mesmo tempo que demostra o medo irreversível da morte, do trauma, mas que é inerente sob um aspecto de acreditar em algo que certamente te destruirá. Seja no palco aquático ou no ringue.





Ferrugem e Osso
França e Bélgica, 2012
Direção: Jacques Audiard

Nenhum comentário:

Postar um comentário