segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Caleidoscópio da arte brasileira





Desde sua criação em 1951, a Bienal de São Paulo é, certamente, um dos principais centros de excelência e discussão das artes visuais do Brasil. Foram 62 anos, ou 31 edições, onde foram trazidas as mais diferentes verves das artes, o que se fazia de novo nas artes, no Brasil e do mundo.  
Uma prospecção de olhares sobre as 30 edições são o chamariz da 30 X Bienal, onde contam com mais de 250 obras de 111 autores, os quais ocupam o Pavilhão da Bienal. 




Há destaques como a arte abstrata que dominou os anos 50, passando pelo experimentalismo e a pop arte nos 60, arte conceitual nos anos 70, a retomada da pintura nos anos 80 e, hoje, as chamadas práticas contemporâneas. 
Com o efeito de não ser excludente em nenhuma corrente artística, de uma certa forma algo impossível, pois as bienais já contaram com 5,8 mil autores brasileiros até hoje. Com curadoria do carioca Paulo Venâncio Filho, parte de uma releitura cronológica  evocativos das transformações passadas pelos períodos da arte brasileira e seus 111 artistas escolhidos
``Não queria deformar a seleção dando mais nomes de umas ou outras bienais´´, diz Venancio Filho. ``Pensei no conjunto da obra, tentando respeitar os equilibrios´´.


As Ondas Paradas da Probabilidade, de Mira Schendel


Há certos crítérios de Venâncio, como não incluir artistas do primeiro modernismo, iniciando as escolhas pelas gerações influenciadas de alguma forma pelos debates trazidos pela Bienal, onde inicia-se pelos anos 50, onde os críticos veem como gênese de um projeto artistico e estético puramente nacional, com o inicio do abstracionismo geométrico, que atinge auge no concretismo paulista e o neoconcretismo carioca. 
Venancio Filho foca clássicos do construtivismo criado em São Paulo, com obras de Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Luiz Sacilotto, num espaço ao lado de nomes fortes da escola carioca, como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Ivan Serpa.


Bolha Amarela (1969), Marcelo Nitsche

Há obras e momentos inesquecíveis como o trabalho de Cildo Meireles, onde cria um canto de sala virtual, com paredes pregadas a uma base de madeira, Anna Maria Maiolino mostra um filme mudo em que bocas aparecem sussurrando frases num diálogo impossível.
 ``É um discurso incoerente, que tem a ver com a época da ditadura´´, diz Maiolino.``Há uma busca de poder falar em um impedimento. Esse vídeo é como o pai de toda a minha filmografia, ordena tudo o que veio depois´´.
Na obra de Meireles, suas paredes derretendo coincidem com uma transição. ``Queria limpar a cabeça, botar ordem nas minhas ideias´´, quando lembra que a peça de 1967 seria exibida pela primeira vez, numa mostra censurada pela ditadura; o que outros fizeram da mesma forma, como a arte pop nacional de Claudio Tozzi, Rubens Gerchman e Mauricio Nogueira Lima, os quais partem da produção consumista norte americana para criticar a repressão.
Mesmo no pós ditadura, a geração 80, que marca a volta da pintura  com artistas como Nuno Ramos, Rodrigo Andrade e Paulo Monteiro, enfatiza o caráter radical de suas telas ultradensas e saturadas de cor. Sempre se atendo ao movimento em si, apesar de deslizes como o fato de a maoria dos artistas serem representados em uma obra, assim como algumas falsas harmonias entre contracampos artísticos, sugerindo a ideia de apaziguamento; Frente a tensões e discórdias da trajetória das bienais, atrelando-se a recepção crítica.


Agora é Hora de Fazer Nana, de Beatriz Milhazes

30 X Bienal 
Pavilhão da Bienal 
Av. Pedro Alvares Cabral
Terça a Domingo das 9h às 19h (quarta e sexta até às 22h)
Até 8/12
Grátis

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