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Jules e Jim, de François Truffaut |
Completando 55 anos, a Nouvelle Vague ganha uma mostra de filmes no MIS Com curadoria de André Sturm e Alessandra Dorgan, apresentando 17 títulos que poderão ser vistos na grande tela em sua maioria em película.
Em meio aos movimentos político-sociais e culturais dos anos 1960, a Nouvelle Vague inaugurou uma nova fase no cinema francês e mundial onde se desenvolveu em torno do cinema de autor, caracterizado pelo estilo próprio de cada um de seus diretores. Em uma época cujos filmes emanavam páginas maçantes de literatura, houve uma corrente contrária a esta estética, bebendo de fontes do cinema comercial americano, precisamente de Howard Hawks e Alfred Hitchcock, o que gerou um reboliço entre os cinéfilos e os intelectuais centrados na Cinémathèque Française, onde o fundador André Bazin e o curador Henri Langlois foram os precursores do movimento.
Sempre houve um ranço em consumir cinema americano, principalmente pela ala estudantil inerente ao pensamento de esquerda, onde defendiam um cinema totalmente político, como fazia a Itália em seu Neorealismo. Cineastas como François Truffaut, Claude Chabrol e Jacques Rivette abrageram as mais diversas vertentes do cinema atraindo o mundo pela sua marca do cinema de autor com uma radical renovação do ramo estético do cinema, juntamente ao cunho ensaístico que acompanha o grupo, encabeçado pelo manifesto de François Truffaut, em 1958, ``Uma certa tendência do cinema francês´´, marco do movimento publicado no Cahiers du Cinéma.
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Nas Garras do Vício, de Claude Chabrol |
A Nouvelle Vague, acima de tudo, conquistou o mote institucional do cinema, sendo totalmente separado das demais artes, analisado e respeitado como nunca antes. Isso possibilitou ter uma linguagem própria de seu tempo, revolucionária e anarquista, usando-se de cortes abruptos, diálogos rápidos e dinâmicos, espirais do mundo jovem no meio as intempérides da vida e do tempo, alienação, filosofia, política, o bepop americano, as armas, a violência, a luz natural, as ruas e o amor. Um cinema visceral apaixonado. Como diz Jean-Luc Godard sobre o cinema. ``Para fazer um bom filme é necessário apenas duas coisas: uma mulher e uma arma´´.
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Cléo das 5 às 7, de Agnes Varda |
A programação conta com a exibição do documentário O Homem e as Imagens, de Eric Rohmer, seguida de debate apresentado a Nouvelle Vague, seu contexto histórico, cultural e estético, com a participação dos convidados Luiz Carlos Merten (crítico de cinema e jornalista) e Laura Carvalho (pesquisadora e diretora de arte). O debate ocorre às 19h10, da quinta-feira (5), após a exibição de "O Homem e as Imagens".
Alguns Destaques do Gros Rouge:
O Acossado (1960)
Jean-Luc Godard
Após roubar um carro em Marselha, Michel (Jean-Paul Belmondo) ruma para Paris. Lá, ele convence a relutante Patricia (Jean Seberg), uma estudante americana com quem ele se envolve. Cabe a ela esconder Michel em seu apartamento até o rapaz conseguir receber o seu ordenado. Dentro de cortes abruptos, a desordem amorosa emana um Godard cuja a lírica moderna se funde aos corpos do amor efêmero do casal em promessas de viagens e o castigo inerente ao crime.
Minha Noite Com Ela (1969)
Eric Rohmer
Jean-Louis (Trintignant) é um católico convicto que encontra sua parceira ideal, Françoise (Marie-Christine Barrault) em uma missa. Ele encontra um velho amigo marxista Vidal (Antoine Vitez) no natal. Vidal apresenta Jean a recém divorciada Maud (Françoise Fabian) e os três entram em um debate sobre religião, ateísmo, amor , moralidade e acerca da obra de Blaise de Pascal entre filosofia e matemática. Jean-Louis passa a noite na casa de Maud, onde põe à prova seus preceitos de que mais acredita e os valores e tabus do catolicismo a qual se esfacela no dilema de ter duas mulheres a escolher amar.
Hiroshima, Meu Amor (1959)
Alain Resnais
Com roteiro magnífico de Marguerite Duras, o fime aborda séries de diálogos de cerca de 36 horas entre uma atriz francesa (Emmanuelle Riva) e um arquiteto japonês (Eji Okada). O breve affair dos dois acaba e os dois irão se separar. Os dois entram em um debate sobre a bombardeamento de Hiroshima, sobre as pessoas envolvidas diretamente e indiretamente no ataque. Renais em um modo paralelo a um documentário, intervem sobre a memória, com cenas sobre as vítimas e suas consequências para todos.
MIS
55 anos da Nouvelle Vague
3 a 8 de setembro
Avenida Europa, 158 - Jardim Europa - São Paulo / SP
R$3 a R$6
Programação
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