Começou ontem em São Paulo a exposição Dalí: A Divina Comédia, que apresenta o encontro do pintor surrealista espanhol com a obra do poeta italiano Dante Alighieri. A exposição traz as gravuras que Salvador Dalí fez na década de 60 do século passado para ilustrar uma edição comemorativa da obra A Divina Comédia, lembrando os 700 anos de nascimento de Dante Alighieri. As obras do pintor chegam hoje em São Paulo e depois vão passar pelo Rio de Janeiro, Curitiba e Recife.
O projeto teve inicio como uma encomenda do governo italiano. No entanto, mesmo após a desistência do pedido, o artista continuou elaborando as ilustrações. "Ele ficou cativado pela figura de Dante e pela importância que tem A Divina Comédia no contexto da cultura ocidental. E se sentiu também desafiado pela possibilidade de poder ilustrar a obra, assim como tantos outros artista anteriores e ele tinham tentado", diz a curadora da exposição, Ana Rodrigues.
Cada uma da gravuras corresponde a um dos 100 cantos da obra, respeitando a divisão original: Paraíso, Purgatório e Inferno. No poema, Dante desde ao submundo para resgatar sua amada Beatriz, sendo guiado pelo poeta Virgílio. A curadora Ana Rodrigues destaca que os três tempo da obra ilustrados por Dalí refletem momentos diferentes da carreira do pintor. "A parte do inferno é a que tem mais referências a todo mundo onírico, ao universo surrealista de Dalí. É o espaço onde ele coloca todos os medos, os pesadelos, as angústias do ser humano."
A primeira imagem do purgatório foi escolhida como símbolo da exposição. Nela, um anjo olha para gavetas que se abrem em seu corpo. "Explorando o seu interior, o mundo subconsciente ao qual Dalí tanto se refere", explica Ana. A figura é um bom exemplo de como o pintor espanhol pensou a dimensão intermediária entre o paraíso e o inferno. "Como espaço de transição, ele vai colocar [no purgatório] as dúvidas do homem, vários elementos simbólicos que vão identificar sua, as muletas, as cabeças, os corpos moles", detalha a curadora.
Nas 33 gravuras que compõem o canto Paraíso, é possível encontrar traços da fase mística de Dalí. "Temos imagens mais calmas, serenas, equilibradas e que remetem também a uma fase importante do trabalho de Dalí, na qual ele se refugia no misticismo e nas imagens religiosas para expressar o seu estado de espirito".
Quando: de 31 de agosto a 27 de outubro
Horário: de terça a domingo, das 9h às 19h
Onde: Caixa Cultura Sé - Praça da Sé, 111 - 8º andar. Sé - Centro (SP)
Quanto: Entrada Franca
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